A palavra francesa terroir é talvez uma dos termos mais importantes no mundo do vinho. Não possui tradução e seu conceito foi alvo de inúmeros debates aos longos das últimas décadas, desde que que passou a ser associado à características nobres dos vinhos.
Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), a definição oficial de terroir é “conceito que remete a um espaço no qual está se desenvolvendo um conhecimento coletivo das interações entre o ambiente físico e biológico e as praticas enólogicas aplicadas, proporcionando características distintas aos produtos originários deste espaço.”
Complicado? O Grande Larousse do Vinho facilita:
“Terroir é uma palavra francesa sem tradução em nenhum outro idioma. Significa a relação mais íntima entre o solo e o micro-clima particular, que concebe o nascimento de um tipo de uva, que expressa livremente sua qualidade, tipicidade e identidade em um grande vinho, sem que ninguém consiga explicar o porquê.”
Através das definições acima podemos entender que o conceito de terroir não engloba apenas elementos do meio-ambiente em si, mas trata da interação, em uma determinada área geográfica, entre:
- fatores naturais: composição do solo, clima local, amplitude térmica, altitude, relevo do terreno, exposição solar, ventos, humidade, volume e distribuição de chuvas, drenagem do solo;
- fatores humanos: escolha das castas, as técnicas agrícolas utilizadas, os métodos de elaboração do vinho, seu envelhecimento – ou seja, o savoir-faire local.
Esse conjunto de fatores naturais e humanos (o terroir!) exerce influência decisiva no desempenho do vinhedo e na qualidade da uva, participando da personalidade final do vinho e garantindo sua tipicidade de origem, como uma espécie de assinatura regional.
Bons exemplos são Bordeaux e Borgonha, na França.
A Borgonha talvez seja a região no mundo onde o conceito de terroir seja mais evidente, e a Pinot Noir (a principal cepa tinta da região) a uva que mais claramente expresse essa influência. Pequenas parcelas de terra (climats) separadas por poucos metros podem produzir vinhos com caráter e estrutura muito distintos, graças à drenagem do solo, inclinação do terreno e exposição solar particulares. Tudo isso, aliado às técnicas de cultivo e produção tradicionais, fez nascer um mosaico de diferentes Appellations d’Origine e deu aos vinhos da Borgonha reputação mundial.
Em Bordeaux, as diferenças na composição do solo entre as margens esquerda e direita do rio Garonne influenciam diretamente no sucesso das diferentes variedades de uvas plantadas. Enquanto a margem direita tem solo predominantemente argiloso e calcário, perfeito para a Merlot, a margem esquerda tem solo rico em cascalho, excelente para a Cabernet Sauvignon. Nesses diferentes solos, e nos micro-climas de cada Châteaux, essas uvas expressam de maneira singular sua características, produzindo vinho típicos de cada terroir.
Assim, apesar do conceito de terroir estar na base da definição das Denominações de Origem (um tema para um outro post) ele se opõe a tudo que seja padronização e uniformização. É a identidade cultural do vinho, sua tipicidade, caráter distintivo e característico. É o que faz um vinho ser marcante e inesquecível.
Ótimo post Bruno! Deu para entender e esclarecer tudo sobre Terroirs. Que venha os próximos vinhos e os próximos posts! Grande abraço
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Valeu Grande!!
Obrigado pelo apoio!
Abração!
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O texto está claro objetivo e poético….Parabéns!
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Obrigado, Andreia!
O poético é, com certeza, a cereja do bolo!
Valeu pelo apoio!
Bjo!
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