O consumo abusivo do álcool é sabidamente associado à uma infinidade de problemas de saúde e é uma das maiores causas de morte evitáveis no mundo (veja o Relatório Global sobre Álcool e Saúde da Organização Mundial da Saúde), com um custo econômico e social gigantesco.
No entanto, centenas de trabalhos científicos nas últimas décadas tem dado conta dos efeitos benéficos do consumo moderado de álcool, principalmente em relação à prevenção e redução na mortalidade de doenças cardiovasculares. Segundo a Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, mais de 100 estudos prospectivos já mostraram uma redução na incidência dessas doenças da ordem de 25 à 40% associado ao consumo moderado de bebidas alcoólicas.
A American Heart Association (uma das mais prestigiadas entidades da área de saúde) afirma que os efeitos benéficos do consumo moderado de álcool sobre o coração são muitos e não são exclusivos do vinhos tinto, como se pensava até há pouco tempo. O responsável pelos efeitos benéficos do vinho na saúde, aparentemente, é o álcool e não suas outras substâncias. O Resveratrol, e outros polifenóis presentes na casca e semente da uva, são agentes antioxidantes promissores e amplamente estudados pela indústria farmacêutica para prevenção do câncer e das doenças cardiovasculares, mas têm falhado em demonstrar in vivo os resultados apresentados in vitro.
Mas a verdadeira má notícia para nós, enófilos, fica por conta da definição de “consumo moderado” que é bem abaixo do que gostaríamos.
O Dietary Guidelines for Americans 2015-2020, do US Department of Agriculture, define consumo moderado como até 1 drink para mulheres e até 2 drinks para homens (sendo 1 drink aproximadamente 150mL de vinho com 12% de álcool) por dia. Acima dessa quantidade diária, o consumo de álcool é considerado deletério para a saúde e desencorajado.
Dito tudo isso, deixo aos leitores qualquer reflexão sobre o assunto e encorajo os amantes do vinho a beberem com responsabilidade.